domingo, 13 de maio de 2007

NOSSA SENHORA. O poder da fé e devoção à Virgem de Fátima

A crença que move multidões faz do culto a N. Senhora de Fátima o maior movimento religioso urbano do Ceará.

Primeiro ela enviou um mensageiro, um anjo para preparar o espírito daqueles que seriam agraciados com o direito de vislumbrar sua grandeza; depois se materializou aos olhos das três crianças e, a partir de então, fez-se presente para os católicos que acreditam em sua bondade e misericórdia. A mulher mais importante da História do Cristianismo continua hoje sendo o trunfo da Igreja Católica para se diferenciar das outras religiões.

Em 13 de Maio de 1917, em uma pequena vila de Portugal tiveram início as aparições de Maria, mãe de Jesus. Passadas exatas nove décadas desde a primeira vez em que os pastores Lúcia, Jacinta e Francisco vislumbraram a face da santa imaculada na Cova da Íria, a devoção a Nossa Senhora de Fátima só aumenta e fortalece os sentimentos de identificação ao Catolicismo.

Hoje, Fortaleza irá assistir a um dos maiores movimentos de devoção urbana do Ceará. São esperadas aproximadamente 70 mil pessoas para a procissão que sairá da Paróquia do Carmo, no Centro, e seguirá para o Santuário de Fátima, na Avenida 13 de Maio. Esse fenômeno religioso é atribuído a diferentes circunstâncias pelos pesquisadores que se dedicam a investigar a religião e seus efeitos sociais.

O mestrando em Ciências Sociais, pesquisador do Núcleo Religião, Política e Cultura (Nerpo), da Universidade Federal do Ceará, Adilson Nóbrega, explica que as aparições em Fátima são tidas como um dos grandes milagres do século XX. No entanto, o valor da mãe de Jesus para o Catolicismo não está apenas em seu sacrifício e resignação à missão divina, ela é a afirmação da identidade católica. “Maria é o que as Igrejas Evangélicas não têm. Ela é a cara da Igreja Católica”, compara Adilson Nóbrega.

Os resultados da exaltação mariana podem ser materializados em estatísticas. Apesar do Brasil ser o maior país Católico do mundo, com 129,7 milhões de fiéis - o que corresponde a 73,89% do número de pessoas que professam alguma religião, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) - nos últimos 30 anos, o número de pessoas que professam o Catolicismo caiu em torno de 20%.

Essa queda se deu paralela ao crescimento das igrejas e movimentos evangélicos, que correspondem a 14,5% da população religiosa do Brasil segundo censo do IBGE de 2000. Nóbrega avalia que, seja de forma consciente ou inconsciente, Maria estampa o estandarte da Igreja Católica em busca de novos adeptos.

Segundo o IBGE, no Nordeste, a porcentagem de católicos é a mais alta do Brasil e o Ceará ocupa a segunda colocação, com 84,9% da população professando a religião. Essa força do Catolicismo tem raízes históricas, como destaca o sociólogo, filósofo e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), Rosendo Amorim. Ele acredita que o fato de o Ceará ter sido colonizado pelos portugueses contribuiu para esse culto de Fátima.

“Os nossos santos da cultura popular têm uma forte ligação com a cultura Ibérica”, avalia. Ele pontua que o crescimento do Marianismo foi estimulado pelos movimentos carismáticos, que se apropriaram da figura de Maria para neutralizar os aspectos mundanos, reforçando o valor feminino.

História

Três crianças, Lúcia de Jesus dos Santos (de 10 anos), Francisco Marto (de 9 anos) e Jacinta Marto (de 7 anos), afirmaram ter visto a Virgem Maria em 13 de Maio de 1917 quando apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria.

Segundo relatos posteriores aos acontecimentos, por volta do meio dia, depois de rezarem o terço, as crianças teriam visto uma luz brilhante; julgando ser um relâmpago, teriam decidido ir-se embora, mas, logo abaixo, outro clarão teria iluminado o espaço, e teriam visto em cima de uma pequena azinheira (onde agora se encontra a Capelinha das Aparições), uma "Senhora mais brilhante que o sol", de cujas mãos penderia um terço branco.


Segundo os fiéis, a senhora disse às três crianças que era necessário rezar muito e convidou-as a voltarem ao mesmo sítio no dia 13 dos próximos cinco meses. Assim, teriam assistido a outras aparições no mesmo local em 13 de Junho, 13 de Julho e 13 de Setembro. Em Agosto a aparição terá ocorrido no sítio dos Valinhos, a uns 500 metros do lugar de Aljustrel, porque as crianças tinham sido levadas para Vila Nova de Ourém pelo administrador do Concelho.

A 13 de Outubro, estavam presentes alguns milhares de pessoas, e a aparição terá dito às crianças "eu sou a Senhora do Rosário" e terá pedido que fizessem ali uma capela em sua honra (que atualmente é a parte central do Santuário de Fátima). Alguns dos presentes afirmaram observar um milagre que teria sido prometido às três crianças em Julho e Setembro. Segundo uns, o Sol, assemelhando-se a um disco de prata, podia fitar-se sem dificuldade e girava sobre si mesmo como uma roda de fogo, parecendo precipitar-se na terra. Segundo outros, o Sol movia-se para cima e para baixo. Segundo outros ainda, o Sol dançou. Tal fenómeno inexplicável foi testemunhado por muitas pessoas, até mesmo distantes do lugar da aparição (como é o caso do escritor Afonso Lopes Vieira), e o relato foi mesmo publicado na imprensa, por um jornalista que ali se deslocara. Contudo, outros houve que nada viram, como é o caso do escritor António Sérgio, que esteve presente no local e testemunhou que nada se passara de extraordinário com o Sol. Não há de facto quaisquer registos astronómicos do fenómeno, e nada observaram milhões de pessoas que à mesma hora nada assinalaram noutros pontos de observação de Portugal e da Europa. Lúcia terá afirmado também que a Guerra terminara naquele preciso instante, o que não aconteceu, o que não é geralmente mencionado em relatos recentes.

Posteriormente, sendo Lúcia religiosa doroteia, Nossa Senhora ter-lhe-á aparecido novamente na Espanha (10 de Dezembro de 1925 e 15 de Fevereiro de 1926, no Convento de Pontevedra, e na noite de 13 para 14 de Junho de 1929, no Convento de Tuy), pedindo a devoção dos cinco primeiros sábados (rezar o terço, meditar nos mistérios do Rosário, confessar-se e receber a Sagrada Comunhão, em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria) e a Consagração da Rússia ao mesmo Imaculado Coração.

Anos mais tarde, Lúcia contou ainda que, entre Abril e Outubro de 1916, teria já aparecido um anjo aos três videntes, por três vezes, duas na Loca do Cabeço e outra junto ao poço do quintal da casa de Lúcia, convidando-os à oração e penitência, e afirmando ser o "Anjo de Portugal".

Este anjo ensinou aos pastorinhos duas orações, conhecidas por Orações do Anjo, que entraram na piedade popular e são utilizadas sobretudo na adoração eucarística dos católicos.

APARIÇÕES

1916 aparições do anjo para os três pastores
1917 no dia 13 de maio acontece a primeira aparição
1917 em 13 de outubro acontece a última aparição
1919 no dia 04 de abril morre o vidente Francisco
1920 no dia 20 de fevereiro morre a vidente Jacinta
1921 é celebrada missa na capela das aparições
1922 a capelinha das aparições é destruída
1928 lançamento da primeira pedra da Basílica
1930 Bispo de Leiria reconhece as aparições
1931 primeira consagração de Portugal à Maria
1935 os restos mortais de Jacinta vão para Fátima
1942 Pio XII consagra o mundo ao Coração de Maria
1952 os restos mortais de Francisco vão para a Basílica
1953 sagração da Igreja do Santuário de Fátima
1967 Paulo VI vai a Fátima nos 50 anos das aparições
1982 João Paulo II agradece a Fátima por sua vida
1997 Fátima é elevada à categoria de cidade
2000 beatificação de Francisco e Jacinta
2005 falecimento da terceira vidente, Irmã Lúcia

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A crença que move multidões faz do culto a N. Senhora de Fátima o maior movimento religioso urbano do Ceará.

Primeiro ela enviou um mensageiro, um anjo para preparar o espírito daqueles que seriam agraciados com o direito de vislumbrar sua grandeza; depois se materializou aos olhos das três crianças e, a partir de então, fez-se presente para os católicos que acreditam em sua bondade e misericórdia. A mulher mais importante da História do Cristianismo continua hoje sendo o trunfo da Igreja Católica para se diferenciar das outras religiões.

Em 13 de Maio de 1917, em uma pequena vila de Portugal tiveram início as aparições de Maria, mãe de Jesus. Passadas exatas nove décadas desde a primeira vez em que os pastores Lúcia, Jacinta e Francisco vislumbraram a face da santa imaculada na Cova da Íria, a devoção a Nossa Senhora de Fátima só aumenta e fortalece os sentimentos de identificação ao Catolicismo.

Hoje, Fortaleza irá assistir a um dos maiores movimentos de devoção urbana do Ceará. São esperadas aproximadamente 70 mil pessoas para a procissão que sairá da Paróquia do Carmo, no Centro, e seguirá para o Santuário de Fátima, na Avenida 13 de Maio. Esse fenômeno religioso é atribuído a diferentes circunstâncias pelos pesquisadores que se dedicam a investigar a religião e seus efeitos sociais.

O mestrando em Ciências Sociais, pesquisador do Núcleo Religião, Política e Cultura (Nerpo), da Universidade Federal do Ceará, Adilson Nóbrega, explica que as aparições em Fátima são tidas como um dos grandes milagres do século XX. No entanto, o valor da mãe de Jesus para o Catolicismo não está apenas em seu sacrifício e resignação à missão divina, ela é a afirmação da identidade católica. “Maria é o que as Igrejas Evangélicas não têm. Ela é a cara da Igreja Católica”, compara Adilson Nóbrega.

Os resultados da exaltação mariana podem ser materializados em estatísticas. Apesar do Brasil ser o maior país Católico do mundo, com 129,7 milhões de fiéis - o que corresponde a 73,89% do número de pessoas que professam alguma religião, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) - nos últimos 30 anos, o número de pessoas que professam o Catolicismo caiu em torno de 20%.

Essa queda se deu paralela ao crescimento das igrejas e movimentos evangélicos, que correspondem a 14,5% da população religiosa do Brasil segundo censo do IBGE de 2000. Nóbrega avalia que, seja de forma consciente ou inconsciente, Maria estampa o estandarte da Igreja Católica em busca de novos adeptos.

Segundo o IBGE, no Nordeste, a porcentagem de católicos é a mais alta do Brasil e o Ceará ocupa a segunda colocação, com 84,9% da população professando a religião. Essa força do Catolicismo tem raízes históricas, como destaca o sociólogo, filósofo e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), Rosendo Amorim. Ele acredita que o fato de o Ceará ter sido colonizado pelos portugueses contribuiu para esse culto de Fátima.

“Os nossos santos da cultura popular têm uma forte ligação com a cultura Ibérica”, avalia. Ele pontua que o crescimento do Marianismo foi estimulado pelos movimentos carismáticos, que se apropriaram da figura de Maria para neutralizar os aspectos mundanos, reforçando o valor feminino.

História

Três crianças, Lúcia de Jesus dos Santos (de 10 anos), Francisco Marto (de 9 anos) e Jacinta Marto (de 7 anos), afirmaram ter visto a Virgem Maria em 13 de Maio de 1917 quando apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria.

Segundo relatos posteriores aos acontecimentos, por volta do meio dia, depois de rezarem o terço, as crianças teriam visto uma luz brilhante; julgando ser um relâmpago, teriam decidido ir-se embora, mas, logo abaixo, outro clarão teria iluminado o espaço, e teriam visto em cima de uma pequena azinheira (onde agora se encontra a Capelinha das Aparições), uma "Senhora mais brilhante que o sol", de cujas mãos penderia um terço branco.


Segundo os fiéis, a senhora disse às três crianças que era necessário rezar muito e convidou-as a voltarem ao mesmo sítio no dia 13 dos próximos cinco meses. Assim, teriam assistido a outras aparições no mesmo local em 13 de Junho, 13 de Julho e 13 de Setembro. Em Agosto a aparição terá ocorrido no sítio dos Valinhos, a uns 500 metros do lugar de Aljustrel, porque as crianças tinham sido levadas para Vila Nova de Ourém pelo administrador do Concelho.

A 13 de Outubro, estavam presentes alguns milhares de pessoas, e a aparição terá dito às crianças "eu sou a Senhora do Rosário" e terá pedido que fizessem ali uma capela em sua honra (que atualmente é a parte central do Santuário de Fátima). Alguns dos presentes afirmaram observar um milagre que teria sido prometido às três crianças em Julho e Setembro. Segundo uns, o Sol, assemelhando-se a um disco de prata, podia fitar-se sem dificuldade e girava sobre si mesmo como uma roda de fogo, parecendo precipitar-se na terra. Segundo outros, o Sol movia-se para cima e para baixo. Segundo outros ainda, o Sol dançou. Tal fenómeno inexplicável foi testemunhado por muitas pessoas, até mesmo distantes do lugar da aparição (como é o caso do escritor Afonso Lopes Vieira), e o relato foi mesmo publicado na imprensa, por um jornalista que ali se deslocara. Contudo, outros houve que nada viram, como é o caso do escritor António Sérgio, que esteve presente no local e testemunhou que nada se passara de extraordinário com o Sol. Não há de facto quaisquer registos astronómicos do fenómeno, e nada observaram milhões de pessoas que à mesma hora nada assinalaram noutros pontos de observação de Portugal e da Europa. Lúcia terá afirmado também que a Guerra terminara naquele preciso instante, o que não aconteceu, o que não é geralmente mencionado em relatos recentes.

Posteriormente, sendo Lúcia religiosa doroteia, Nossa Senhora ter-lhe-á aparecido novamente na Espanha (10 de Dezembro de 1925 e 15 de Fevereiro de 1926, no Convento de Pontevedra, e na noite de 13 para 14 de Junho de 1929, no Convento de Tuy), pedindo a devoção dos cinco primeiros sábados (rezar o terço, meditar nos mistérios do Rosário, confessar-se e receber a Sagrada Comunhão, em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria) e a Consagração da Rússia ao mesmo Imaculado Coração.

Anos mais tarde, Lúcia contou ainda que, entre Abril e Outubro de 1916, teria já aparecido um anjo aos três videntes, por três vezes, duas na Loca do Cabeço e outra junto ao poço do quintal da casa de Lúcia, convidando-os à oração e penitência, e afirmando ser o "Anjo de Portugal".

Este anjo ensinou aos pastorinhos duas orações, conhecidas por Orações do Anjo, que entraram na piedade popular e são utilizadas sobretudo na adoração eucarística dos católicos.

APARIÇÕES

1916 aparições do anjo para os três pastores
1917 no dia 13 de maio acontece a primeira aparição
1917 em 13 de outubro acontece a última aparição
1919 no dia 04 de abril morre o vidente Francisco
1920 no dia 20 de fevereiro morre a vidente Jacinta
1921 é celebrada missa na capela das aparições
1922 a capelinha das aparições é destruída
1928 lançamento da primeira pedra da Basílica
1930 Bispo de Leiria reconhece as aparições
1931 primeira consagração de Portugal à Maria
1935 os restos mortais de Jacinta vão para Fátima
1942 Pio XII consagra o mundo ao Coração de Maria
1952 os restos mortais de Francisco vão para a Basílica
1953 sagração da Igreja do Santuário de Fátima
1967 Paulo VI vai a Fátima nos 50 anos das aparições
1982 João Paulo II agradece a Fátima por sua vida
1997 Fátima é elevada à categoria de cidade
2000 beatificação de Francisco e Jacinta
2005 falecimento da terceira vidente, Irmã Lúcia
Postado por Igor Viana Marcadores:

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